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CIGARROS PARA RUSSINHO
Antes da chegada das multinacionais,
o mercado brasileiro de cigarros era abastecido por três empresas – a Grande Manufatura
de Fumos e Cigarros Veado*, a Companhia Leite & Alves e a Souza Cruz, única
sobrevivente, como subsidiária da British American Tobacco. O bicho silvestre
não simbolizava homossexualismo. E coube ao Veado (cujo slogan era “Para chique
ou pé-rapado”), em 1930, promover uma pioneira ação de marketing esportivo: o “Grande
Concurso Nacional Monroe” para apontar o jogador mais popular do Brasil. Havia diversas
urnas – uma delas, na Rua da Assembleia – e a cédula era um maço vazio de alguma
marca da empresa (“Monroe” era o mais consumido). Todos concorriam a prêmios de
até sete contos de réis. Mais de seis milhões de maços vendidos graças ao concurso,
com Russinho sendo eleito por 2.900.649 votos (maços), deixando Fortes, do Flamengo, no
cheirinho.
Como prêmio, o
artilheiro ganhou um carro – uma “baratinha” da Chrysler –, o que inspirou o
vascaíno Noel Rosa a citá-lo na canção “Quem dá
mais?”, na qual o compositor brinca com o prêmio luxuoso e a dificuldade do
clube para renovar o seu contrato – “(...) o Vasco paga o lote na batata /E, em
vez de barata, /oferece ao Russinho uma mulata”...
Numa época em que não existia instituto
de pesquisa de opinião pública, um concurso com mais de seis milhões votos – o maior de todos – é,
sem dúvida, parâmetro para a avaliação da popularidade dos times de futebol.
* A Grande Manufatura de Fumos e
Cigarros Veado, do Rio de Janeiro, é herdeira da Imperial Estabelecimento de
Fumo, a primeira fábrica de cigarros do Brasil.
Otima Biografia
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